Material didático, elaborado por transposição didática, do artigo: Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos da pirólise da madeira na produção de carvão em fornalhas – do saber científico ao sábio, de autoria da Profa. Dra. Nilva Ré Poppi – UFMS

sumário:

3. Material didático elaborado por transposição didática, do artigo

introdução

mapa conceitual 2: mapa conceitual do alcatrão e seus subprodutos

mapa conceitual 3: mapa conceitual da geração de energia por meio de combustão

tabela 1- mostra alguns dos principais poluentes provenientes da queima da biomassa

forno utilizado para a produção do carvão

coleta da fumaça

figura 1:  diagrama de bloco do sistema de coleta de particulado atmosférico

extração da amostra

método de investigação

figuras 2, 3, 4 - cromatografia gasosa acoplada com detector espectrômetro de massas

cromatografia gasosa acoplada com detector espectrômetro de massas

figura 5 - esquema de um cromatógrafo a gás

mapa conceitual 4: mapa conceitual das técnicas:  cromatografia gasosa com espectrômetro de massas

hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (hidrocarbonetos policíclicos aromáticos)

hidrocarbonetos policíclicos aromático e o cancêr

como os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos são formados

hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e aspectos ambientais

conclusão

Índice geral

                        3. Material didático elaborado por transposição didática, do artigo

 Introdução                                                                                 voltar ao topo

Artigo - “hidrocarbonetos policíclicos aromáticos da pirólise da madeira na produção de carvão em fornalhas”. Autores: Joyce Mara dos Santos Barbosa, Nilva Ré Poppi, Mary Santiago Silva.

Várias pesquisas importantes são feitas todos os anos por cientistas, não só pelos americanos, mas também pelos brasileiros. Um bom exemplo é o trabalho realizado pela pesquisadora e professora da UFMS: Nilva Ré Poppi e seus colaboradores. Eles por vários anos trabalham com estudo da produção de carvão de madeira, e as substâncias químicas emitidas pela sua fumaça, devido ao alto índice de doenças respiratórias e câncer nos trabalhadores, bem como na população vizinha a estas produções.

O Brasil é considerado o maior produtor de carvão do mundo; em 2003 cerca de 4,4 milhões de toneladas de carvão foram produzidos, com 49% de florestas plantadas usando eucalipto (Eucalyptus sp. 1).  O estado brasileiro de Mato Grosso do Sul produz uma média de 360 bilhões de toneladas de carvão por ano. O uso de carvão é descrito relata no processo de industrialização do Brasil e tendo como principal consumidor as indústrias de metalurgia e cimento a fábricas de cerâmicas. Na industria metalúrgica é usado para produzir do minério de ferro: em barras, lâminas, aço e na produção somente de liga metálica.

Carvão mineral ou de pedra é um sólido escuro encontrado em várias regiões do mundo. O carvão é resultado de complexas transformações químicas sofridas por organismos vegetais “soterrados” há milhares de anos.

O carvão é usado rudimentarmente em fornalhas feitas de tijolos e cinzas. Essa atividade depende intensiva e predatoriamente dos recursos florestais e da exploração de trabalho em condições sub-humanas, incluindo crianças e adolescentes 2.  Os trabalhadores vivem em tendas de lona juntas às fornalhas; sem água potável, esgoto ou eletricidade. Os trabalhadores na maioria são do setor informal, sem a garantia dos direitos básicos, tais como descanso semanal de seguridade social 3.  Está é uma atividade que emprega cerca de 8 bilhões de trabalhadores. 4

A madeira é constituída por várias substâncias, dentre elas se destaca a celulose [(C6H10O5)n], possui aproximadamente 50% de carbonos em massa e na sua queima libera 4500 kcal/Kg (de material seco). A madeira, ao longo de milhares de anos, submetida a altas pressões e temperaturas, se decompõe formando CH4, CO2, H2O, etc. Substâncias essas gasosas que foram liberadas para a atmosfera, sobrando um depósito cada vez mais rico de carbono (carvão). Esse processo é chamado de carbonização.

A pirólise da madeira nas fornalhas para a produção de carvão ocupa o local em condições de limitadas de oxigênio em temperaturas de 400-450ºC. A pirólise da madeira também pode ser chamada de carbonização, o processo de carbonização tem 3 principais produtos: carvão, líquidos e gás.

Pirólise consiste no aquecimento (de 600ºC a 1000ºC) ou queima na ausência de oxigênio, (no caso dos fornos fechando os orifícios existentes) reação esta que libera substâncias líquidas e gasosas e resulta num resíduo sólido rico em carbono.

1        Os gases (H2, CH4, CO, CO2, C2H6, NH3, H2S) podem ser aproveitados como combustíveis.

1        Os líquidos podem ser divididos em:

ü                      Águas amoniacais - mistura de substâncias contendo nitrogênio, utilizada na fabricação de fertilizantes.

ü                      Alcatrão – é uma mistura de substâncias aromáticas, de grande utilidade na industria química. É um líquido oleoso escuro formado por inúmeros compostos aromáticos, formado a partir da reação de pirólise da madeira.

Mapa conceitual 2: mapa conceitual do alcatrão e seus subprodutos.                              voltar ao topo

2        Coque é o resíduo sólido da reação de pirólise da hulha ou queima de carvão, que contém altíssimo teor de carbono. É utilizado principalmente no processo de obtenção de ferro nas indústrias siderúrgicas.

 A carbonização de madeira ou carbonização de biomassa é o processo no qual a matéria vegetal ou animal (biomassa) reage a altas pressões e temperaturas com quantidade de oxigênio controlada – liberando gases e líquidos – resultando em um sólido rico em carbono.

 A combustão é um processo químico pelo qual um material reage rapidamente com o oxigênio do ar produzindo luz e calor intenso e, no caso da biomassa, se faz em três estágios: ignição, combustão com chama, e combustão com ausência de chama.

A combustão incompleta de biomassa é uma fonte primária de emissão, pela fumaça, de gases e de aerossóis, os quais exercem influências sobre as propriedades químicas da atmosfera. Biomassa é qualquer matéria de origem vegetal ou animal, utilizada como fonte de energia. O potencial tóxico das partículas em suspensão na fumaça da atmosfera depende da composição química e do grau de penetração (de acordo com o tamanho das partículas) e sua retenção nas vias respiratórias.

A carbonização de biomassa, usualmente de madeira, pode resultar na emissão significante de Material Particulado e Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos para a atmosfera6.  Em países desenvolvidos os biocombustíveis são produzidos de: madeira, resíduos de agricultura e esterco de gado. É estimado que mais de 90% do consumo de combustíveis utilizados nas áreas rurais7 sejam combustível da madeira é o mais popular utilizado por mais de 90% da população rural para cozinhar. O cientista Oanh, em suas pesquisas determinou a quantidade da emissão (na fumaça) de Material Particulado, em massa de combustível para 3 sistemas de combustível de forno utilizando Eucalipto: queima em forno aberto, forno de carvão, forno de tijolos de brasa; e as quantidades encontradas para madeira, carvão e briquete, respectivamente são 51 mg/kg, 36 mg/kg e 7 mg/kg.  A maior quantidade de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos, em Material Particulado, foi encontrada na fumaça do combustível Eucalipto e a maior quantidade na queima da madeira em forno aberto (1,78 kg/h) que resultou na emissão total de 18 Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos  com quantidade de 208 mg/h e concentração de 957 μg/m3 levando a uma alta exposição de poluentes tóxicos8.  Amostras de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos dos produtos líquidos da pirólise do Eucalipto foram isoladas, apresentadas em estudo de genotoxidade da empresa Microtox, analise biológica dos efeitos tóxicos produzidos no fígado de ratos obteve um número da dose de resposta de 1,6 e sendo assim foi suspeito de ser genotóxico 9. 

Mapa conceitual 3: mapa conceitual da geração de energia por meio de combustão.                 voltar ao topo

A concentração de substâncias orgânicas presentes da fumaça da combustão da biomassa (veja tabela 1) possui uma variação considerável, por causa da temperatura da pirólise, da quantidade oxigênio e da duração das condições de chama 10. E sendo assim os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos contidos na fumaça em geral do processo de cozimento nas residências, as quantidades de emissão não são possíveis de serem comparados com o que acontecem nas fornalhas de carvão, e não foram encontrados nas reportagens publicadas de concentração de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos na fumaça de carbonização da madeira em fornalhas durante a produção de carvão.

  Os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos constituem uma subclasse dos compostos policíclicos aromáticos que são moléculas orgânicas formadas por átomos de hidrogênio e carbono, encontradas como subprodutos da combustão incompleta de materiais orgânicos (carvão, gás, óleo, combustíveis fósseis, madeira, lixo, tabaco) e são encontrados no ambiente de trabalho e residencial.

O Material Particulado - é constituído em seu maior percentual (94%) por partículas finas e ultrafinas, ou seja, partículas que atingem as porções mais profundas do sistema respiratório, transpõem a barreira epitelial, atingem o interstício pulmonar e são responsáveis pelo desencadeamento do processo inflamatório. As queimadas emitem, pela fumaça, poluentes que atuam não só localmente como também podem afetar regiões distantes de onde foram originados, os quais aumentam as proporções de seu impacto sobre os indivíduos.

Principais poluentes provenientes da queima da biomassa

Compostos

Exemplos

Fontes

Notas

Partículas

Partículas inaláveis (PM10)

Condensação após a combustão de gases; combustão incompleta de material inorgânico; fragmentos de vegetação e cinzas.

Partículas finas e grossas.partículas grossas não são transportadas e contém cinzas e material do solo.

 

Partículas respiráveis

Condensação após combustão de gases; combustão incompleta de material orgânico.

No caso de fumaça da queima de biomassa, comporta-se como partículas finas.

 

Partículas fina (PM2,5)

Condensação após a combustão de gases; Combustão incompleta de material orgânico.

Transportadas através de longas distâncias pelo vento. Produção primária e secundária.

Aldeídos

Acroleína

Combustão incompleta de material orgânico.

 

 

Formaldeído

Combustão incompleta de material orgânico.

 

Ácidos inorgânicos

Monóxido de carbono (CO)

Combustão incompleta de material orgânico.

Transportadas através de longas distâncias pelo vento.

 

Ozônio (O3)

Produto secundário do óxido de nitrogênio e hidrocarbonetos.

Presente somente adiante do fogo. Transportadas através de longas distâncias pelo vento.

 

Dióxido de nitrogênio (NO2)

Oxidação em altas temperaturas do nitrogênio do ar.

Espécies reativas; a concentração diminui com a distâncias do fogo.

Hidrocarboneto

Benzeno

Combustão incompleta de material orgânico.

Transporte local; também reage com outras formas de aerossol orgânico.

Hidrocarboneto aromático policíclicos

Benzopireno (BaP)

Combustão incompleta de material orgânico.

Compostos específicos que variam de acordo com a composição da biomassa.

Tabela 1- mostra alguns dos principais poluentes provenientes da queima da biomassa.           voltar ao topo

Fonte: Arbex, Marcos Abdo, et al. Queima de biomassa e suas repercussões sobre a saúde. Jornal Brasileiro de Pneumologia 30(2) – março/abril de 2004.

Um dos artigos da pesquisadora Nilva Ré Poppi (autora do artigo ao qual se refere este trabalho), e seus colaboradores apresentam os resultados na determinação de 16 Hidrocarbonetos Policíclicos Aromático emitidos na fumaça do Eucalipto durante a pirólise em fornalhas de produção de carvão de madeira. Emissões de material particulado pela fumaça, relativa contribuição de 16 Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos na amostra, associação de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos com Material Particulado, e concentrações dos 16 Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos foram calculadas em termos de Benzo(a)pireno (um dos principais produtos).    Os resultados deste trabalho foram divulgados para a população pela imprensa local em 2001 com o tema Comprovado: queimadas podem causar câncer e em alguns telejornais da época.

    A maior preocupação da autora do artigo é com a saúde dos trabalhadores das carvoarias do nosso município, porque a quantidade de benzo(a)pireno dentro de uma carvoaria foi de mil, duzentos e quarenta vezes maior, do que a quantidade presente em  áreas urbanas.   A intenção é de prosseguir com a pesquisa, fazendo o monitoramento biológico, para a avaliação de risco à saúde dos trabalhadores e expostos aos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos na área produção de carvão de madeira (e vizinhanças) para tentar sensibilizar as autoridades, bem como a população sobre os riscos da queima em geral e principalmente de biomassa.

Forno utilizado para a produção do carvão                                    voltar ao topo

 Foi construída uma fornalha para a produção do carvão de lenha, do mesmo tipo e dos mesmos materiais (tijolos e uma mistura da argila, cinzas e areia) como as fornalhas usadas pelo produtor do carvão de lenha da região, no campus de UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso Sul), Com 2.80 m de diâmetro interno e 1.60m de altura; com a capacidade para 6 m3 da madeira. A fornalha foi preenchida com madeira de aproximadamente 1.5m na altura organizada com cuidado em uma posição vertical. Como a fornalha é configurada com dimensões menores, a lenha foi colocada em uma posição horizontal da madeira, colocada inicialmente na posição vertical, para encher completamente a fornalha. Coberto os orifícios abertos da fornalha, pois a entrada de oxigênio é controlada. Para isto foram usados índices e parâmetros indicativos da combustão completa que foram providenciados com práticas, tal como: a cor e o volume da fumaça emitidas da fornalha. A fumaça azul indica conclusão do processo de carbonização de madeira. Para ser representante do processo da produção do carvão de lenha na área, a fornalha foi construída e por um trabalhador do distrito municipal de Ribas do Rio Pardo que realizou também a produção do carvão de lenha para a coleta das amostras para garantir a validação da queima. 

Coleta da fumaça                                                                                   voltar ao topo

As amostras foram coletadas por meio de um instrumento da amostragem do volume médio do ar equipado com a entrada de material particulado seletiva de tamanho PM10, em uma altura de 1.6 m acima do nível do chão para simular a zona de respiração. O amostrador do ar foi situado em uma distância de 1.5m da fornalha ao lado da pluma da fumaça (sentido predominante do vento). A velocidade dos ventos durante o período de amostragem variou de 1.0 a 5.6m/s Eucalyptus sp. foram usados como o combustível na fornalha. As amostras foram coletadas em uma taxa de fluxo de 4.4 L/min, e os volumes totais do ar provado nos processos do carbonização variaram de 7.4 a 12m3  porque o período de emissão da fumaça da fornalha variou de 30 - 43 Horas. O tempo da amostragem era de 8 Horas. Foram monitorados três os processos de carbonização. A umidade relativa do ar do local da amostragem variou de 42-80% e a temperatura de 25-38 ºC. A umidade de madeira era entre 20 e 25%.

Os 16 Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos medidos neste estudo foram selecionados baseados em sua atividade como mutagênico e carcinogênico como definidos pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (E.U. EPA) e de acordo com a classificação da Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Câncer (IARC). As concentrações de 16 Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos foram determinadas usando a um padrão interno na técnica de cromatografia gasosa com detector espectrômetro de massas. Os 16 Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos detectados foram naphthalene (Naph), acenaphthylene (Acy), acenaphthene (Ace), fluorene (Flu), phenanthrene (Phe), antraceno (Ant), fluoranthene (Flt), pyrene (Pyr), Benz[a]antraceno (BaA), chrysene (Chry), o benzo[b]fluoranthene  (BbF), benzo[k] fluoranthene (BkF), benzo[a]pyrene (BaP), o indeno[1,2,3-cd]pyrene (Ind (Cd) P), benzo[g, h, i] perylene (BghiP), e do dibenz[a, h]antraceno (DBahA).

O Material Particulado foi amostrado nos filtros de Fluoropore PTFE (pré-lavado com dicloromethano-metanol). A fase gasosa dos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos foi coletada nos tubos com resina XAD-2 lavada, com diclorometano-metanol, conectado ao filtro com a tubulação do cloreto de Polivinil. Como mostra a figura abaixo:

FIGURA 1:  Diagrama de bloco do sistema de coleta de particulado atmosférico                         voltar ao topo

  

Extração da amostra                                                                                voltar ao topo

Os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos foi extraído dos filtros de XAD-2 usando o uma técnica de separação chamada de agitação ultra-sônica. por 3 períodos de 30-min, com 5.0mL de diclorometano-metanol (na proporção 4:1 v/v). O extrato do Material Particulado foi centrifugado (outra técnica de separação de mistura) para a remoção de partículas insolúveis. O solvente foi evaporado usando o fluxo do gás do nitrogênio para secar e reconstituído com um volume conhecido da solução de padrão interna (esqualano ou isooctano).

 

Método de Investigação                                                                           voltar ao topo

A cromatografia é uma técnica usada para separar, identificar e quantificar as substâncias existentes em uma amostra. Diferenciando as substâncias por suas propriedades físicas e químicas, pelas diferenças das massas molares, etc. Existe vários tipos de cromatografia, a líquida, em camada delgada, a gasosa e outras, mas a autora da pesquisa utilizou cromatografia gasosa acoplado ao espectrômetro de massas (CG-MS).  É muito utilizado na análise de substâncias orgânicas, por exemplo, na identificação de substâncias orgânicas encontradas nos vegetais.

O cromatógrafo faz a separação das substâncias no caso, substâncias voláteis (gasosas) utilizando as polaridade e interações intermoleculares, que varia de uma substância para a outra.  A amostra elui pela fase estacionária por uma fase móvel ocorrendo o equilíbrio dinâmico entre a fase móvel (gás + amostra) e a fase estacionária durante a separação das substâncias contidas na amostra, depois as substâncias são identificadas, emitem um sinal que é proporcional a sua quantidade e Massa Molar. Este sinal é captado pelo detector o espectrômetro de massas e o resultado é demonstrado através de gráficos chamados cromatogramas.

 

Figura 2

 

Figura 3

Figura 4

Figuras 2, 3, 4 - cromatografia gasosa acoplada com detector espectrômetro de massas.      voltar ao topo

As análises foram realizadas por cromatógrafo gasoso acoplado ao espectrômetro de massa (CG-EM) que usa um espectrômetro maciço quadrupole de Shimadzu QP 5000 modelo operado na modalidade de monitoração selecionada e acoplado a um cromatógrafo gasoso 17A modelo de Shimadzu (Figura 3, 4 e 5). O cromatógrafo gasoso foi equipado com uma identificação de 30m x 0,25mm. A coluna capilar era revestida com a película de 0.25μm (5% fenil dimetil polysiloxane) que foi aquecida usando um programa isotérmico: em 110 ºC por 1 minuto, 15ºC/min a 180ºC, 5 ºC/min a 290ºC, e mantido isotermicamente em 290ºC por 6 minutos. O gás utilizado era Helio. A temperatura do injetor da amostra era 280ºC na modalidade separação (2.0μL técnica necessita da agulha quente. Os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos  foram identificados comparando os dados obtidos do cromatograma com os padrões autênticos e os arquivos do espectrômetro de massa.

Cromatografia gasosa acoplada com detector espectrômetro de massas                                 voltar ao topo

A cromatografia gasosa é uma técnica de separação e análise de misturas de substâncias voláteis.  Veja a figura 2, a amostra é vaporizada e introduzida (Item 2) em um fluxo de um gás adequado denominado de fase móvel (item 1) ou gás de arraste. O fluxo de gás com a amostra vaporizada, passa por um tubo contendo a fase estacionária, a  coluna cromatográfica, (no caso a capilar, muito fina) (item 3), na qual ocorre a separação da mistura. Após as substâncias são detectadas por um aparelho (item 4), o sinal é amplificado por outro (item 5), e é registrado pelo computador, fornecendo o que chamamos de cromatograma (item 6). 

Figura 5 - Esquema de um cromatógrafo a gás.

voltar ao topo

1 - Reservatório de Gás e Controles de Vazão / Pressão.

2 - Injetor (Vaporizador) de Amostra.

3 - Coluna Cromatográfica e Forno da Coluna.

4 - Detector.

5 - Eletrônica de Tratamento (Amplificação) de Sinal.

6 - Registro de Sinal (Registrador ou Computador).

 

 

Espectrômetro de Massas é uma técnica de extrema importância, apresenta a vantagem de ser útil tanto na identificação quanto na quantificação de compostos orgânicos, mesmo em baixas concentrações, a amostra é fragmentada e ionizada em um padrão característico da espécie química.

Mapa conceitual 4: mapa conceitual das técnicas:  cromatografia gasosa com espectrômetro de massas .   

   voltar ao topo

 

Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos)

   voltar ao topo

Os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos constituem uma subclasse dos compostos policíclicos aromáticos que são moléculas orgânicas formadas por átomos de hidrogênio e carbono, encontrados como subprodutos da combustão incompleta de materiais orgânicos (carvão, gás, óleo, combustíveis fósseis, madeira, lixo, tabaco) e são encontrados no ambiente de trabalho e residencial.

As maiores fontes de emissão de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos na atmosfera são: geradores de calor e energia, incineradores, produção de coque, produção de carvão de madeira, motores de veículos e incêndios de matas.

Os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos apresentam atividades mutagênicas e/ou carcinogênicas por isto os estudos destes em locais de trabalhos tem sido considerados de grande relevância.

Quando ocorre a combustão incompleta de atividades mutagênicas e/ou carcinogênicas, além dos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos, são liberados também derivados como o Benzo[a]pireno, os Nitro-Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos e Oxi-Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos, com características cancerígenicas ou mutagênicas.

O primeiro indício de carcinogenicidade química de produtos de combustão orgânica foi publicado em 1977, quando foi observada uma maior incidência de cânceres em limpadores de chaminés. Muitos anos depois desta publicação esta atividade carcinogênica foi atribuída à presença de benzo[a]pireno nas amostras. Posteriormente foi comprovado experimentalmente que a presença do benzo[a]pireno, por si só, não justifica toda a atividade ”cancerígena", atribuída à presença conjunta de outros principalmente nitroderivados.

Naftaleno

Acenaftileno

 

Acenafteno

 

Fluoreno

 

Fenantreno

 

Antraceno

 

Fluranteno

 

Pireno

 

Benzo[a]antraceno

 

Criseno

 

Benzo[a]pireno

 

Benzo[b]fluranteno

 

Figura 6 .Exemplo de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos.                        voltar ao topo


Hidrocarbonetos Policíclicos Aromático e o Cancêr                     voltar ao topo

     Há cerca de 200 anos, Percival Pott, um médico que vivia em Londres, constatou que os meninos que limpavam chaminés tinham propensão maior que o normal para adquirir câncer nos testículos.

      Em 1922, foi verificado que extratos orgânicos encontrados na fuligem são cancerígenos em animais de laboratório. O início dos estudos dos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos com o isolamento e síntese do Benzo(a)pireno do carvão em 1931 e em 1933 foi demonstrado como forte agente cancerígeno em animais.

Os primeiros riscos ocupacionais e ambientais dos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos foram obtidos em 1922 pela fuligem sendo demonstrada como cancerígena em animais, em 1942 também foi comprovado no Material Particulado ambiental e no smog fotoquímico de Los Angeles. Em 1949 o Benzo(a)pireno foi identificado na fumaça doméstica, em 1952 em Material Particulado ambiental. Em 1970 foi caracterizado junto com outros Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos como agente carcinogênico, presente mundialmente em ambientes respiráveis, como constituinte de aerossóis urbanos.

Estudos revelam que esse hidrocarboneto é um forte agente cancerígeno em animais. Esfregados na pele de ratos de laboratório, desencadeava neles câncer de pele.

O benzo(a)pireno faz parte do grupo de compostos conhecidos como Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos de anéis condensados. Trata-se de um tipo de substância reconhecido pelos cientistas como perigoso à saúde, graças ao seu potencial cancerígeno.

Os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos, após transformação química ou metabólica, são eficazes agentes cancerígenos e/ou mutagênicos, Já os derivados Nitrados dos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos são agentes diretamente mutagênicos, estando associados ao aumento de ocorrência de tumores malignos.

Os hidrocarbonetos de anéis condensados são produzidos, por exemplo, nas queimadas em florestas, nas erupções vulcânicas e na queima de combustíveis fosseis e combustão em geral. Estão presentes também no carvão mineral e, sobretudo no alcatrão dele proveniente. Como constatado pela alta incidência de doenças pulmonares e câncer entre os trabalhadores das minas de carvão e das industrias que processam o alcatrão se deve ao contato prolongado com os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos.

Como os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos são formados                           voltar ao topo

A pesquisa descrita no artigo refere-se aos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos liberado pela madeira, durante a produção de carvão de madeira, especificamente uma espécie de Eucalyptus sp. Os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos são formados no processo de combustão incompleta da biomassa, a altas temperaturas e, são emitidos por todos os tipos de combustão.

Dos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos liberado pelo carvão, foi isolado uma substância chamada benzo(a)pireno, sendo ele um forte agente cancerígeno, outras substâncias também foram isoladas, algumas com menos atividade carcinogênica e outras somente com atividade mutagênica.

O esquema do mecanismo para a formação dos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos envolve uma reação orgânica de polimerização via radicais livres, em várias etapas, até a formação de núcleos aromáticos. Veja exemplo de reação de polimerização radicalar:

 

Figura 7.  Esquema do mecanismo de formação dos  por meio de pirólise.     voltar ao topo

  Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos e aspectos ambientais                      voltar ao topo

É ampla a ocorrência dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos no meio ambiente e podem ser encontrados em plantas terrestres e aquáticas, solos, sedimentos, águas naturais e marinhas e, principalmente na atmosfera de zonas urbanas, suburbanas, florestais e até na Antártica, no entanto, suas concentrações são maiores em áreas urbanas densamente povoada e zonas industriais.

A contaminação de rios, mares e florestas e, também da atmosfera, pode causar danos irreparáveis à natureza e a saúde humana. Os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromático estão entre aqueles poluentes ambientais que apresenta atividade cancerígena e mutagênica e que, já comprovado, provocam tumores em amimais e mutação em bactérias. Sua ação maléfica sobre os organismos vivos pode ser exercida diretamente, principalmente a dos derivados de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos, muitos deles ainda desconhecido.

Os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos podem penetrar no corpo humano por inalação, onde a mesma se deposita nos alvéolos do pulmão, pode ser absorvido pela corrente sanguínea. Uma vez no sangue, ele sofrerá uma série de reações com enzimas do organismo. Essas enzimas vão tentar cumprir sua tarefa, que é eliminar a substância estanha através da urina.

O mecanismo de eliminação do benzo(a)pireno pelo corpo humano leva a formação de compostos poliidroxilados (mais solúvel em água) sendo facilmente eliminado pela urina. Mas antes de se chegar ao composto poliidroxilados, há a formação de in intermediário que pode se ligar à guanina do DNA e forçar a célula a erros que conseqüentemente, pode resultar em tumores - mutação.

No Brasil alguns estudos foram realizados, principalmente na cidade do Rio de Janeiro em 1984, onde foram quantificados 9 Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos  de aerossóis atmosféricos coletados em locais de intenso tráfego de veículos automotores.

Campo Grande registrou em 98 uma quantidade de benzo(a)pireno (Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos mais estudado), tão grande que o número pode ser comparado com o ar respirados em Hong Kong e Los Angeles. A quantidade aproximada foi registrada também no Rio de Janeiro que possui uma população de cinco milhões e oitocentas mil pessoas, enquanto que em Campo Grande há uma população em torno de seiscentas e sessenta mil pessoas.

A maior preocupação da pesquisadora Nilva Ré Poppi (autora do artigo ao qual se refere este trabalho), é com a saúde dos trabalhadores das carvoarias do nosso município, porque a quantidade de benzo(a)pireno dentro de uma carvoaria foi de mil, duzentos e quarenta vezes maior, do que a quantidade presente em  áreas urbanas.    A intenção da pesquisadora é prosseguir com a pesquisa, só que desta vez, pretende fazer o monitoramento biológico dos carvoeiros. E alertar para os riscos da queima inconseqüente de biomassa em geral.

Os principais componentes da fração orgânica presente em aerodispersóides (partículas que se dispersão no ar) da queima de biomassa são monossacarídeos provenientes da quebra da celulose, acompanhados geralmente por menores quantidades de substâncias de cadeia aberta (alifática e oxigenada), e terpenóides provenientes de ceras e/ou resinas e gomas da vegetação.

A lignina é o maior biopolímero encontrado no tecido da madeira. A pirólise da lignina produz a quebra dos biopolímeros, com formação de fenóis, aldeídos, cetonas, ácidos e álcoois, geralmente com retenção dos grupos substituintes (OH, OCH3) do anel fenil.

 

Conclusão                                                                                                  voltar ao topo

Dos Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos: naphthalene (Naph), acenaphthylene (Acy), acenaphthene (Ace), fluorene (Flu), phenanthrene (Phe), e antraceno (Ant) contribuíram largamente para o valor obtido (emissão total).  Como podemos ver na figura abaixo.

figura 7. contribuição relativa de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos no total dos 16 Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos da fornalhas durante a produção de carvão vegetal ( valores médios dos 3 carbonizações).                                                                                          voltar ao topo

Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos com dois a três anéis foram encontrados predominantemente na fase gasosa, enquanto a Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos com cinco, seis anéis foram encontrados entre 82 e 100% na material particulado. Fluoranthene (Flt) e pyrene (Pyr) foram distribuídos nas duas fases. Os resultados obtidos demonstraram que 11% do total das emissões dos 16 Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (em ambas as fases) e 60% de 10 genotóxicos de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos foram associados à Material Particulado. As concentrações para as somas de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos cancerígenos  calculada em termos de benzo[a]pyrene equivalente usando a Fatores Tóxicos Equivalentes de Nisbet e LaGoy (1992), foram 0,30 e 0,06 μg/m3 para as partículas e gases fases, respectivamente.

              voltar ao topo